Thursday, June 21, 2007

Poemas

"Quero mergulhar no teu corpo
Bebericar a pureza da tua carne
Entrelaçar minha alma na tua
Fazer de nós um espírito

Vou me embriagar com teu perfume
Deitado na relva
Provar da seiva do amor
E te levar para o infinito comigo
O meu delírio psicodélico
Retrata tua imagem num caleidoscópio
Mil imagens de ti apresentam-se à minha vista
Mas meu coração logo indica a matriz

Contigo eu emitirei o sagrado
O maior dos amores vou viver
Embriagado de paixão estarei eu
Desfrutando o melhor da vida: você"

Monday, June 04, 2007

Artista Nato

Artista Nato


Ninguém retratou melhor o universo dos pescadores como Dorival Caymmi. Suas composições trouxeram à realidade a rotina e a angústia desses quando vão para o mar, deixando para trás família e amores. Numa de suas letras ele traduz bem essa sofreguidão:
"o pescador tem dois amores, um bem na terra, um bem no mar " , fazendo referência a paixão pelo mar e pela família. Mas na Z-3 também existe um compositor que traduz o cotidiano dos pescadores. O nome dele é Alberto Mota , mais conhecido como "Casca".
Morador da colônia, há cerca de sessenta e quatro anos, como a história da letra de Caymmy, apaixonou-se por uma nativa e nunca mais saiu da Z-3. Com essa mulher, constituiu família, são seis filhos, cinco netos e cinco bisnetos.

Já havia um tempo que eu queria entrevistar seu "Casca",e numa quinta-feira de muito frio eu tive a oportunidade. Quando cheguei à casa dele, "Casca" estava consertando uma bicicleta, um de seus passatempos [ aliás ele é um grande inventor, mas isso eu falarei mais tarde].
Como todas as vezes que estive na colônia, fui recebido com um grande sorriso e imediatamente convidado a entrar. Após entrar no seu dormitório, ele agradeceu meu interesse por ele, e logo acendeu um cigarro de palha que ele mesmo armou. O meu interesse veio a partir do momento que o vi, em uma das confraternizações da Z-3, com um banjo tipo americano em punho, tocando e cantando samba. Esperei uma deixa dele para entrar no assunto música, e ela me foi dada. Quando ele com um sorriso fácil, característica marcante dele, me disse sem rodeios: "tá mas o que tu queres saber ó guri?"
Oportunidade dada , perguntei-lhe sobre o banjo, instrumento muito peculiar, pois seu Casca toca sambas com ele. Me chamou atenção por se tratar de um banjo americano, e logo pedi a ele para me contar a história daquele. Segundo o músico, um vizinho havia deixado para consertar, entretanto nunca mais voltou para buscá-lo, desde então o banjo faz parte das apresentações de Casca. Era impressionante como em pouco tempo de conversa comecei a sentir um calor – apesar de não haver motivo para isso, porque já mencionei o frio que fazia naquela tarde- foi neste momento que senti o “calor humano”, devido a minha total admiração pela pessoa que apresentava-se à minha frente. Feito da mais pura simplicidade e humildade, talvez os atributos mais em falta na nossa selva de pedra, onde vencedor são aqueles que têm mais, ou aparece muito, uma cultura imediatista , a qual, o objetivo principal é chegar a qualquer custo aos objetivos, sem respeitar os limites e os outros. Mas Casca não é conhecido somente na colônia, ele já participou de programas de tv, e inclusive gravou um cd com a banda Doidivanas. Com essa banda, ele gravou uma composição sua “ Ai que vontade de casar”.

O tempo passou depressa, como é sua característica, mas ainda deu tempo de uma última curiosidade. Casca inventou a primeira cobra que fuma. Isso mesmo, você leu bem, a primeira cobra fumante do país, quiçá do mundo. Este invento surgiu a partir de uma brincadeira, ele perguntava para os moradores se eles tinham interesse pela em conhecer a sua cobra. Por mais que se pense em besteira, na verdade era uma brincadeira, para divulgar tal invento curioso, quis descobrir tal peça. e não é que ela fumava mesmo. Na verdade a “cobra’ é feita de pano e tem u mecanismo a ar, que ao apertá-lo, nós podemos observar uma lenda transformar-se em realidade, graças a criatividade e genialidade de um senhor septuagenário que me deu um banho de juventude e alegria. Tal personagem é do tipo que muda sua vida e me fez acreditar na possibilidade de um mundo melhor.

Andrey Frio