Tuesday, March 24, 2009

“O bom filho à casa torna”

Lúcio Vaz volta à Pelotas e faz um resgate de sua história profissional

Lúcio Vaz, jornalista há 31 anos, esteve visitando a cidade no dia 20 de março, em virtude da palestra sobre o movimento estudantil pelotense na década de setenta. No dia seguinte, ele conversou com o jornal Atuação.
Natural de São Gabriel, Lúcio veio à Princesa do Sul cursar Jornalismo na Universidade Católica de Pelotas. Foi um dos fundadores do Diretório Acadêmico do curso de Jornalismo, Wladimir Herzog. Neste período as liberdades eram escassas, devido à ditadura militar. “Nessa época, eu era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCB), o movimento estudantil tinha como objetivos: acabar com a ditadura, criar eleições diretas e implantar o socialismo; se não conseguimos a maioria de nossos desejos, pelo menos conquistamos uma democracia, hoje, consolidada”, disse Lúcio.
Nessas três décadas de jornalismo, Lúcio passou por vários órgãos de imprensa. Em Pelotas trabalhou na rádio Tupanci, o jornal Diário da Manhã, depois, TV Tuiuti (atual RBS) e como fotógrafo da Zero Hora – durante o período da faculdade (1977-1980).Com o término do curso foi trabalhar no conglomerado Caldas Júnior, por quatro anos. A seguir, então, o período em Brasília, onde está há 24 anos. Na capital brasileira, Lúcio trabalhou nos jornais: Globo, Folha de São Paulo e Correio Braziliense – onde trabalha hoje.
Ele é jornalista investigativo. Sua principal missão é ir atrás das irregularidades do Executivo. Para isso ter boas fontes é imprescindível, tanto dentro das Câmaras de Deputados e Senado, destarte, nos órgãos de controle do governo, como: Tribunal de Contas e Polícia Federal. Esse é um trabalho perigoso, porque mexe em negócios duvidosos, que envolvem pessoas poderosas. Lúcio já correu risco de morte por ter de denunciar, em 2006, o caso das “Sanguessugas” – ambulâncias eram superfaturadas por deputados para enriquecimento ilícito. Vaz recebeu a denúncia de um órgão do governo, fez a investigação e denunciou os nomes dos envolvidos. A sorte parecia estar ao seu lado. Paralelamente a investigação de Lúcio, a polícia investigava a mesma denúncia, entretanto, Lúcio estava jurado de morte pelos envolvidos. “A Polícia Federal havia colocado um agente para me fazer proteção, em contrapartida, meus algozes também colocaram pessoas para me seguir, nos dois casos, sem eu saber. Depois a Polícia Federal me mostrou a gravação telefônica, a qual, meu nome era citado para ser executado. Ouvi a ligação por intermédio da Polícia Federal normalmente, pois entendi a posição dos perseguidores”, contou Lúcio - com uma calma incomum para quem foi ameaçado de morte. “São riscos da profissão”, acrescentou.
Lúcio é autor do Livro “A ética da malandragem: No submundo do Congresso Nacional”. Na obra, o autor relata os bastidores do Congresso, além de dar dicas no uso das fontes, checagem de informações e sobre os riscos corridos pelo seu envolvimento em casos polêmicos. Lúcio ensina no livro o que o jornalista deve ter como maior meta na profissão: a busca pela verdade, independentemente dos riscos. Talvez seja essa a diferença dos bons jornalistas em comparação aos ruins.

Wednesday, March 11, 2009

O maior amor do mundo

Na semana onde se comemorou o dia internacional da mulher, domingo (8) último, nada melhor do que falar de uma escritora a qual sua vida foi sendo construída na defesa dos direitos femininos: Isabel Allende. Peruana de nascimento, mas de cidadania chilena, fez de sua história uma luta constante em busca da liberdade e do amor.
O quarto livro da escritora,autobiográfico, chama-se “Paula”- nome da filha do primeiro casamento, além dela, também é mãe de Nicolás. Nesse livro, Isabel usa como enredo, o momento em que sua filha entra em coma pelas complicações da porfiria. Com medo de que ela perca a memória, a escritora começa uma autobiografia relatando o seu passado desde menina indo até o fim da doença de Paula.
Na obra, Isabel revela segredos de sua vida, como no dia em que teve à primeira experiência com o corpo masculino, ainda na infância. A relação familiar que a influenciou na construção de sua personalidade; o abandono do pai, o qual não houve relação alguma, passando pelo convívio com o padrasto, um diplomata que casaria com sua mãe e, por conseqüência disso, a levaria para morar em outros países.
Isabel lembra o início de sua carreira como jornalista e a sua imersão nos valores feministas. A parte mais tensa do livro é descrito quando o Chile elege o presidente Salvador Allende, primo de seu pai biológico. Com a morte do presidente, em 1973, instaura-se no Chile a ditadura. Nesse período Isabel ajuda perseguidos políticos, perde o emprego e acaba saindo do país, pois sua segurança corria perigo.
O livro, em meio a relatos de sua vida, a escritora expõe toda a angústia ao ver a filha numa cama sem consciência. As partes mais dramáticas são essas, onde o leitor se depara com a angústia de Isabel, diante da doença da filha. O livro é uma homenagem de Isabel à filha Paula, que faleceu aos 29 anos. Serve de documento do maior amor do mundo: o de uma mãe por um filho.